Para entender como funciona a avaliação de viabilidade de crédito, é fundamental conhecer os critérios e dados utilizados pelas instituições financeiras. Esse processo desempenha um papel essencial na economia, pois determina a capacidade do solicitante de assumir e honrar compromissos financeiros, ao mesmo tempo que protege os credores contra riscos excessivos. Essa análise também contribui para a estabilidade do sistema financeiro como um todo, equilibrando o acesso ao crédito com responsabilidade e segurança.
A seguir, você vai conhecer os principais elementos que compõem a análise de crédito e entender como consumidores e empresas podem se preparar melhor para obter financiamento.
O Primeiro Passo: Histórico de Crédito
A análise de viabilidade de crédito geralmente começa pelo histórico de crédito do solicitante. Esse histórico funciona como um raio-X do comportamento financeiro passado, revelando informações sobre:
Pagamentos de contas e faturas em dia ou em atraso;
Empréstimos antigos e atuais;
Cartões de crédito utilizados;
Níveis de endividamento;
Ocorrência de registros negativos, como protestos, ações judiciais ou falência;
Score de crédito (como o oferecido pelo Serasa ou SPC).
Esse conjunto de dados é reunido por bureaus de crédito, como o Serasa Experian e Boa Vista, e forma a base para avaliação do risco de inadimplência. Quanto melhor o histórico, maiores são as chances de aprovação e de obtenção de condições favoráveis, como taxas de juros menores e prazos mais longos.
Avaliação da Capacidade de Pagamento
Além do histórico, as instituições financeiras avaliam se o cliente tem condições reais de arcar com um novo compromisso financeiro. Isso envolve a análise da capacidade de pagamento, levando em conta:
Renda mensal bruta e líquida;
Despesas fixas e variáveis;
Comprometimento da renda com outros financiamentos ou dívidas;
Estabilidade de emprego ou da atividade profissional.
Muitos bancos utilizam índices específicos, como o comprometimento máximo de 30% da renda com dívidas, para determinar se o valor solicitado pode ser liberado com segurança.
Essa etapa é importante para garantir que o cliente não assuma um crédito além do que pode pagar, evitando inadimplência e possíveis prejuízos futuros para ambas as partes.
A Importância das Garantias
Em operações de maior valor ou com risco mais elevado, as garantias são exigidas como forma de segurança adicional. Elas funcionam como uma “rede de proteção” para o credor caso o devedor não cumpra o contrato.
Tipos comuns de garantias:
Imóveis: Casas, terrenos, apartamentos ou imóveis comerciais podem ser oferecidos como garantia, geralmente em financiamentos de longo prazo, como crédito imobiliário.
Veículos: Muito utilizados em empréstimos com garantia ou financiamentos de carros e motos. O bem pode ser retomado em caso de inadimplência.
Maquinários e equipamentos: Comuns em empréstimos empresariais, esses bens garantem a operação e ajudam na análise da viabilidade do projeto financiado.
Contas a receber e estoque: Empresas podem apresentar esses ativos como garantia em modalidades de crédito para capital de giro.
Aplicações financeiras: Alguns bancos aceitam investimentos como CDBs ou fundos como garantia, oferecendo taxas melhores em contrapartida.
As garantias aumentam a confiança da instituição e muitas vezes viabilizam a liberação do crédito com condições mais atrativas para o cliente.
Condições do Empréstimo e Análise de Riscos
As condições do empréstimo também são avaliadas dentro de um contexto maior, que considera:
O montante solicitado;
O prazo de pagamento;
A finalidade do crédito (educação, reforma, capital de giro, etc.);
O ambiente econômico atual (taxa Selic, inflação, mercado de trabalho);
A regulamentação vigente.
A análise busca entender se o objetivo do empréstimo é viável e sustentável, além de ponderar os riscos envolvidos. Em alguns casos, o contexto pode influenciar negativamente a liberação do crédito, como em períodos de forte instabilidade econômica.
Caráter do Solicitante: Uma Avaliação Qualitativa
Um aspecto mais subjetivo da análise de crédito é o chamado “caráter” do solicitante, que busca identificar indícios de responsabilidade e confiabilidade pessoal.
Essa avaliação pode considerar:
Tempo de relacionamento com o banco;
Referências profissionais ou comerciais;
Formação acadêmica;
Histórico de comportamento no mercado.
Embora menos tangível que os dados financeiros, esse critério ainda é utilizado — principalmente em operações de crédito mais complexas ou de longo prazo — e pode influenciar positivamente na aprovação.
O Papel Crescente da Tecnologia na Análise de Crédito
Com os avanços da transformação digital, a avaliação de crédito se tornou mais ágil e eficiente. Instituições utilizam inteligência artificial, big data e machine learning para cruzar dados, prever comportamentos e identificar riscos de forma quase instantânea.
As plataformas automatizadas são capazes de analisar:
Dados de consumo;
Padrões de pagamento;
Geolocalização;
Hábitos de compra online;
Comportamentos em redes sociais (em alguns casos de fintechs).
Essa tecnologia também aumenta a inclusão financeira, permitindo que pessoas sem histórico tradicional (como autônomos ou informais) tenham acesso ao crédito com base em outros tipos de dados comportamentais.
Como se preparar para obter crédito com mais facilidade?
Se você pretende solicitar crédito, confira algumas dicas para aumentar suas chances de aprovação:
Mantenha seu nome limpo e seu score positivo;
Evite atrasos em contas fixas e boletos recorrentes;
Tenha controle do seu orçamento mensal e limite de endividamento;
Utilize produtos bancários com frequência (cartão, conta digital) para criar histórico;
Esteja preparado para oferecer garantias em empréstimos de maior valor;
Use simuladores e ferramentas online para entender o valor total do empréstimo;
Não solicite crédito em excesso, pois isso pode reduzir sua pontuação.
Esses cuidados ajudam a transmitir confiança ao credor e demonstram responsabilidade financeira, dois fatores que fazem a diferença na hora da aprovação.
Conclusão
A avaliação de viabilidade de crédito é um processo complexo, mas essencial para manter a saúde do sistema financeiro. Ao compreender como funciona cada etapa — desde o histórico de crédito até o uso da tecnologia —, consumidores e empresas podem se preparar melhor, aumentando significativamente suas chances de obter crédito com condições mais vantajosas e seguras.
Seja para realizar um sonho pessoal, expandir um negócio, reorganizar dívidas ou enfrentar um imprevisto, tomar crédito deve ser sempre uma decisão consciente, baseada em planejamento financeiro e conhecimento dos próprios limites. Com informação, responsabilidade e organização, é possível transformar o crédito em um verdadeiro aliado para a estabilidade e o crescimento financeiro sustentável a longo prazo.