Selic caiu: Como Investir com Juros a 11,75%

Introdução ao Cenário Atual da Selic

Nos últimos meses, o Banco Central do Brasil fez uma série de cortes na taxa Selic, atingindo agora 11,75% ao ano. Esta mudança representa uma nova realidade para investidores, impactando diretamente as estratégias de investimento em renda fixa e variável. investimento após queda da Selic

Investimento após queda da Selic em Renda Fixa

Com a recente queda da Selic para 11,75% ao ano, o panorama dos investimentos em renda fixa no Brasil sofreu alterações significativas. Especialistas recomendam a alocação das reservas de emergência em ativos pós-fixados com liquidez diária, como os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) que rendem 100% do CDI e o título público Tesouro Selic. Além disso, as Letras de Crédito do Agronegócio e Imobiliário (LCAs e LCIs), assim como os Certificados de Recebíveis Imobiliários e do Agronegócio (CRIs e CRAs), se destacam por serem isentos de Imposto de Renda, embora geralmente apresentem baixa liquidez.

Outra opção são os produtos isentos de IR, como LCIs, LCAs e debêntures incentivadas, que se espera acumulem um retorno líquido de 10% nos próximos 12 meses. Em contraste, a Poupança oferece um retorno real menor, de apenas 4%, pois sua rentabilidade é limitada a 0,5% ao mês mais uma taxa referencial.

Investimentos prefixados e títulos atrelados à inflação também são vistos como oportunidades, como o Tesouro Prefixado 2029, que oferece um retorno de 10,55% ao ano se mantido até o vencimento. No setor de crédito privado, há uma expectativa de mudança de estratégia, com uma inclinação para ativos de crédito de risco um pouco mais alto, em busca de taxas maiores​

Oportunidades na Bolsa de Valores

A redução da taxa de juros influencia diretamente o setor financeiro e outros setores da economia, criando um ambiente propício para investimentos em certas ações.

No setor financeiro, a queda na taxa de juros favorece os bancos, pois facilita o empréstimo de recursos e, com a melhora da economia, a inadimplência tende a cair, aumentando a rentabilidade das instituições financeiras. Entre os bancos, o Banco do Brasil é frequentemente citado como uma opção promissora.

O setor elétrico também se beneficia com a queda dos juros, especialmente empresas com dívidas indexadas ao CDI, como a Neoenergia e a Alupar. A Neoenergia, por exemplo, tem mais de 50% da sua dívida atrelada ao CDI, o que favorece a companhia nesse cenário de juros mais baixos. A Alupar é outra empresa destacada, considerada em posição confortável para pagar dividendos maiores devido aos anos de investimento.

Além desses setores, a XP Investimentos aponta oportunidades em ações de Small Caps, Alto Risco, Alto Crescimento e Forte Momentum como potenciais beneficiárias do cenário atual de queda de juros. Entre as ações recomendadas pela XP estão Jalles Machado, M.Dias Branco, 3Tentos, Méliuz, Grupo Mateus, Vulcabras, C&A, GPA, Petz, Locaweb, Positivo, Ecorodovias e Azul.

Essas informações indicam que, apesar da queda da Selic, ainda existem oportunidades de crescimento no mercado de ações, especialmente em setores que se beneficiam diretamente da redução dos juros ou que apresentam características específicas de crescimento e risco. É importante, no entanto, que os investidores realizem suas próprias análises e considerem seu perfil de risco antes de fazer escolhas de investimento​

Fundos Imobiliários (FIIs) e a Nova Selic

Os Fundos Imobiliários podem ser uma excelente alternativa de investimento, especialmente com a redução da Selic. Eles oferecem rendimentos periódicos e são uma forma de diversificar o portfólio de investimentos.

Diversas corretoras têm recomendado FIIs específicos que podem se beneficiar neste cenário de juros mais baixos. Por exemplo, a Órama, BTG Pactual, Empiricus, Mirae, Warren, Guide, RB Investimentos, Genial e XP fizeram recomendações de vários fundos, incluindo nomes como HGRE11, RCRB11, BTLG11, RBRY11, VGIR11, FGAA11, KNCR11, RBFF11, KNSC11, KNIP11, CLIN11, VILG11, HSLG11, BRCO11, JSRE11, PVBI11, BTRA11, XPML11, VISC11, HFOF11, MCCI11, XPCI11, RBRR11, ALZR11, BCIA11, BTCI11, CPTS11, HGPO11, MALL11, TEPP11, GTWR11, BCFF11, MGFF11, TRXF11, VCJR11, HSML11, KFOF11, e VINO11, entre outros​​.Além disso, há fundos imobiliários que têm se destacado por oferecer retornos com dividendos acima da taxa Selic. Alguns desses FIIs são:

  1. BlueMacaw Logística (BLMG11) com retorno de 19,94%
  2. Devant Recebíveis (DEVA11) com retorno de 19,43%
  3. Hectare CE (HCTR11) com retorno de 18,01%
  4. Urca Prime Rendimentos (URPR11) com retorno de 17,77%
  5. Cartesia Recebíveis Imobiliários (CACR11) com retorno de 17,31%
  6. Autonomy Edifícios Corporativos (AIEC11) com retorno de 17,25%
  7. Habitat Recebíveis (HABT11) com retorno de 16,05%
  8. Riza Akin (RZAK11) com retorno de 15,43%
  9. BTG Pactual Terras Agrícolas (BTRA11) com retorno de 15,16%
  10. Vinci Credit Securities (VCRI11) com retorno de 15,04%​​​​.

É importante lembrar que investir em FIIs requer uma análise cuidadosa das características de cada fundo, incluindo sua gestão, ativos subjacentes, histórico de rendimento e o contexto do mercado imobiliário em geral. A queda da Selic pode ser um fator positivo para o setor imobiliário, mas outros fatores também devem ser considerados ao tomar decisões de investimento.

Estratégias de Diversificação de Investimentos

Para maximizar os retornos e minimizar os riscos em um portfólio de investimentos, a diversificação é uma estratégia fundamental. A diversificação pode ser alcançada de diversas formas, e cada investidor deve considerar seu perfil, objetivos financeiros e tolerância ao risco ao selecionar as estratégias mais adequadas.

Estratégias eficazes para diversificar investimentos:

Diversificação de Ativos

Investir em diferentes classes de ativos, como ações, títulos, imóveis e commodities, é uma das formas mais eficazes de espalhar o risco. Cada classe de ativo tem seu próprio conjunto de riscos e oportunidades, o que pode ajudar a equilibrar a carteira de investimentos.

Diversificação Setorial

Distribuir investimentos em diferentes setores da economia pode reduzir a exposição a eventos específicos que possam afetar negativamente um setor.

Diversificação Geográfica

Investir em diferentes regiões geográficas ou países pode ajudar a minimizar os riscos associados a eventos locais e a aproveitar oportunidades em diferentes mercados.

Diversificação Interna

Dentro de uma classe de ativos, como ações, é aconselhável diversificar entre diferentes empresas e setores para mitigar riscos específicos.

Diversificação de Estilo de Investimento

Combinar diferentes estilos ou estratégias de investimento, como value investing e growth investing, pode ajudar a equilibrar as estratégias e aumentar as chances de sucesso a longo prazo.

Diversificação de Prazo

Equilibrar investimentos de curto, médio e longo prazo é importante para atender a diferentes metas financeiras e horizontes temporais.

Diversificação por Tipo de Investimento

Incluir uma variedade de instrumentos financeiros, como ações, títulos, fundos mútuos e ETFs, amplia a diversidade da carteira.

Além dessas estratégias, é importante monitorar e rebalancear a carteira regularmente, adaptando-a às mudanças do mercado e aos objetivos financeiros pessoais. Para investidores com maiores recursos, outras estratégias podem incluir investimentos alternativos como private equity, hedge funds e investimento anjo.

Outra consideração importante é a diversificação eficiente em termos de custos operacionais e fiscais. Escolher instrumentos de investimento com custos operacionais baixos e uma estratégia fiscal eficiente pode maximizar os retornos líquidos.

Por fim, é sempre recomendável buscar aconselhamento de especialistas financeiros ao planejar e implementar uma estratégia de diversificação, especialmente se você é novo no mundo dos investimentos ou se está lidando com um portfólio de investimentos grande e complexo​​​​​​.

Perspectivas Econômicas Após Queda da Selic

A análise recente de especialistas do mercado financeiro, focada no investimento após a queda da Selic, traz perspectivas diversas para 2024, abordando aspectos como inflação, câmbio e investimentos em diferentes setores.

Carlos Kawall, da Oriz, prevê que a inflação ficará mais próxima de 4,5% no final deste ano, o que gera uma inércia mais favorável para 2024. Ele também ressalta a importância da trajetória fiscal e os riscos associados aos juros internacionais. André Nunes, do Sicredi, enfatiza a influência da taxa de câmbio mais valorizada e a queda nos preços internacionais dos alimentos e combustíveis na desinflação observada em 2023. Nunes projeta um IPCA de 4,1% para o final de 2024, destacando a importância do comportamento do mercado de trabalho e os efeitos do El Niño nos preços dos alimentos.

Leonardo Costa, da ASA Investments, ressalta a resistência da atividade econômica e a possível persistência de núcleos de inflação em patamar elevado. Já Ricardo Caruso, do PicPay, comenta sobre a surpresa positiva de menor inflação em preços mais inerciais, como serviços, sugerindo uma desinflação mais consistente e duradoura. Caruso prevê que a Selic permanecerá em um patamar contracionista e projeta o IPCA de 2024 em 3,7%.

Estratégias de Investimento e Renda Fixa para 2024

No que se refere à renda fixa em 2024, Kaique Fonseca, economista e sócio da A7 Capital, aponta possíveis impactos devido à queda dos juros, como a diminuição da rentabilidade de títulos atrelados ao CDI e a possibilidade de títulos prefixados renderem acima do CDI. Ele alerta para a fuga de capital da renda fixa atrelada ao CDI, sugerindo um aumento no apetite para riscos, inclusive na renda fixa. Rodrigo Cohen, analista CNPI e co-fundador da Escola de Investimentos, menciona que, até a Selic chegar a 7%, a renda fixa ainda valerá a pena, contanto que a inflação caia junto. Ele sugere a necessidade de diversificar investimentos em face da possível valorização de bolsas e fundos imobiliários.

Para 2024, as recomendações incluem investir em ativos de crédito prefixados com vencimentos de 3 a 5 anos e títulos atrelados à inflação, além de debêntures incentivadas e títulos LCI/LCA. Ricardo Jorge, especialista em renda fixa da Quatzed, aconselha escolher criteriosamente os emissores desses ativos. Ele alerta para os riscos de falência ou recuperação judicial das empresas emissoras.

Essas análises e sugestões criam um panorama detalhado sobre as estratégias de investimento pós-queda da Selic. Elas destacam a importância de considerar variados fatores econômicos e de mercado ao decidir sobre investimentos para o próximo ano.

Conclusão

Após uma série de cortes que levaram a Selic a 11,75%, o panorama de investimentos no Brasil está se reconfigurando. Na renda fixa, a preferência tem se inclinado para ativos pós-fixados com liquidez diária e produtos isentos de Imposto de Renda. Os investimentos prefixados e atrelados à inflação emergem como opções atraentes, com expectativas de mudanças estratégicas no crédito privado.

No mercado de ações, a queda dos juros impulsiona especialmente o setor financeiro e o setor elétrico, com empresas como Neoenergia e Alupar se destacando. A XP Investimentos sinaliza oportunidades nas ações de Small Caps, Alto Risco, Alto Crescimento e Forte Momentum, refletindo um cenário favorável a investimentos mais arrojados.

Os Fundos Imobiliários (FIIs) também ganham destaque neste novo contexto. Recomendações de diversas corretoras, como Órama, BTG Pactual, Empiricus, entre outras, apontam para fundos específicos que podem se beneficiar de juros mais baixos. Alguns FIIs, como BlueMacaw Logística e Devant Recebíveis, oferecem retornos com dividendos expressivamente acima da taxa Selic, reforçando a atratividade desse segmento.

A diversificação de investimentos após a queda da Selic é crucial, englobando a diversificação de ativos, setorial, geográfica e de estilo. Especialistas como Carlos Kawall (Oriz) e André Nunes (Sicredi) veem uma inflação controlada para 2024. Kaique Fonseca (A7 Capital) e Rodrigo Cohen (Escola de Investimentos) destacam oportunidades na renda fixa, mesmo com a Selic em baixa.