A especulação financeira na Bolsa de Valores é uma estratégia que, à primeira vista, parece bem atrativa pela possibilidade de retornos rápidos em um curto período. Ela ganhou bastante notoriedade com promessas, como “ganhe 3% ao dia” ou “rendimento de mais de 20% ao ano” pela internet.
No entanto, um ponto fundamental da especulação é que você também pode perder tanto ou mais que a sua possibilidade de ganhar. Trata-se de uma operação altamente arriscada.
Nesse artigo, vamos explicar tudo sobre a especulação financeira na Bolsa de Valores para você entender como funciona na prática antes de entrar! Continue a leitura…
O que é especulação financeira na bolsa de valores
Especulação financeira na Bolsa de Valores é a operação de comprar ou vender um ativo com base em uma “previsão” de resultado.
Ela tem algumas características fundamentais:
- curto prazo: costuma durar minutos ou horas até o retorno aparecer (ou não).
- alta volatilidade: o especulador se aproveita justamente das movimentações do mercado, sejam para cima ou para baixo, para buscarem resultados.
- possibilidade de retornos altos: se você compra um ativo a R$15 pela manhã e o vende por R$15,15 pela tarde, por exemplo, conseguiu uma rentabilidade de 1% no dia.
- alto risco: da mesma forma que o retorno pode ser alto, ele também pode ser baixo, trazendo uma perda alta em poucas horas.
Diferença entre especulação financeira e especulação imobiliária
Especulação financeira é a negociação de ativos na Bolsa de Valores (como ações ou fundos imobiliários) com o objetivo de obter lucro no curto prazo, enquanto a especulação imobiliária é a negociação de imóveis visando o lucro no final.
No caso da especulação imobiliária, o intuito não é comprar um imóvel para morar e sim vendê-lo no futuro com um preço maior. O processo é semelhante na especulação financeira na bolsa de valores, mas com imóveis físicos e duração maior.
Como funciona a especulação financeira na bolsa de valores?
A especulação financeira funciona da seguinte forma: você observa a movimentação do mercado, considera gráficos, tendências e dados e toma a decisão de compra ou venda do ativo. Via de regra, o objetivo é comprar na baixa e vender na alta para obter algum lucro significativo.
Basicamente, para o especulador, não importa a empresa (e o seu potencial de resultado no futuro), apenas a variação do papel.
Ciclo da especulação financeira
Na prática, a especulação financeira na Bolsa de Valores segue a teoria dos ciclos econômicos de mercado — abordagem que explica as flutuações recorrentes na atividade econômica ao longo do tempo.
Segundo essa teoria, o mercado segue “fases” claras e previsíveis, sendo elas:
- Expansão: fase de crescimento econômico, quando os preços dos ativos sobem;
- Boom (pico): momento em que o ativo atinge o seu maior valor e começa a apresentar os primeiros sinais de queda.
- Recessão: etapa de queda do ativo. Em geral, ocorre de forma brusca e desenfreada.
- Depressão: fase de estabilização do ativo, quando ele para de cair e atinge um valor médio.
Na economia tradicional, esse ciclo costuma durar meses e até anos, mas, no caso da especulação financeira na Bolsa de Valores, esse processo ocorre em menor grau dentro de horas, o que o especulador aproveita para lucrar.
Investidor x especulador: qual é a diferença?
O investidor é aquele que negocia um ativo, pensando em obter o resultado no médio ou longo prazo. Já o especulador, também conhecido como trader, compra e vende um ativo com o objetivo de obter retorno em pouco tempo.
Basicamente, o foco do investidor é construir um patrimônio sólido ao longo do tempo. Para isso, a avaliação dos fundamentos da empresa e do seu setor, como ROE, endividamento, governança, entre outros, é essencial na hora de escolher um ativo. Após selecionar, o investidor pretende manter a empresa em sua carteira por um bom tempo até o momento que não vale mais tanto a pena.
O objetivo central do especulador é conseguir lucro rápido, utilizando os movimentos do mercado como referência para a sua decisão. Nesse caso, os fundamentos da empresa quase não tem importância ou, se tem, é bem mais secundária. Ele concentra sua atenção maior em análises técnicas, padrões de gráficos, indicadores de mercado e outros fatores que indiquem mudanças iminentes nos preços dos ativos.
Na prática, a diferença é a seguinte:
Investidor | Especulador | |
Prazo | Curto/curtíssimo prazo | Médio/longo prazo |
Perfil | Arrojado | Conservador, moderado ou arrojado |
Tipo de análise | Análise técnica | Análise fundamentalistas |
Retorno | Chance de resultados enormes em pouco tempo | Possibilidade de retorno moderado, mas mais estabilizado |
Risco | Alto risco | Baixo/médio |
❗Essa diferenciação é importante, pois muitos investidores acabam agindo como especuladores em alguns momentos do mercado, quando, por exemplo, o preço da ação da empresa cai. Nesse caso, é essencial ter em mente que os fundamentos da empresa são o que importa no longo prazo.
Tipos de especulação financeira na Bolsa de Valores
Dentro da especulação financeira, existem tipos diferentes de especulação. Os principais são:
Day trade
Day trade é um tipo de especulação financeira na Bolsa de Valores que consiste em comprar e vender ativos no mesmo dia. Nesse caso, os chamados “day traders” aproveitam as flutuações diárias de ativos de dia para negociar os papéis.
Para operar, eles utilizam a análise técnica e gráfica para tentar “prever” o movimento do mercado.
Swing trade
O swing trade é um modelo de especulação de mais médio prazo, durando dias, semanas e até meses com o ativo. Da mesma forma, o objetivo é comprar um ativo, aguardar até ele atingir um valor x e vender, então, o foco é pegar variações maiores do mercado. Além da análise técnica e gráfica, eles também consideram tendências do mercado para os próximos períodos como base na negociação.
Robôs traders
Existem tecnologias que você programa com regras de análise técnica, indicadores e lógica de negociação e a automação opera no seu lugar. Eles podem operar no swing trade ou day trade.
Riscos da especulação financeira
Ainda que existam estratégias de análise e mitigação de riscos, você precisa saber que pode perder dinheiro na operação. Segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), apenas 0,8% dos investidores de day trade conseguiram obter um lucro diário superior a R$ 300.
Entre os principais riscos da especulação na Bolsa de Valores, podemos citar:
- volatilidade do mercado: embora tenha alguns padrões, as flutuações do mercado são completamente imprevisíveis.
- liquidez: não é porque você quer vender ou comprar que necessariamente vai conseguir, o que pode atrapalhar seus resultados já que o movimento precisa ser rápido.
- emocional: ao ver o preço do ativo despencando ou subindo demais, o especulador tende a deixar a emoção influenciar na operação e não seguir o movimento conforme o planejado.
Por isso, se resolver entrar nesse mercado, esteja ciente dos riscos e invista em estratégias bem definidas.
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